Amaro Peres
Gastei os pila no chinaredo e carpeta
Oiga-le vida sotreta me esvaziaram as confiança
Tomei uns vinho, tal de caseiro do diabo
Mas que tal, eu nem sabia que o diabo tinha estância
Tava faceiro igualzito pinto no lixo
De namoro com um cambicho que veio de livramento
Carne novinha o macharedo de olho
Arrodeando e eu de molho era o rei neste momento
A muié véia me chama de bagaceira
A família inteira diz que eu sou um baita chineiro
Não tenho culpa de nascer com esta sina
Gostar de trago e de china não é pecado parceiro
Se fui pobre não me lembro
Gosto de viver a vida
Não posso com mixaria
E não adianta me “putiá”
Quem quiser me encontrar
Que me procure nas “guria”
Gosto de china que tenha trança comprida
Fica bem nas rapariga e eu me enxarco de batom
Se desmanchando que nem mandioca em puchero
E eu me perco no entrevero, num choro de bandoneon
Não sei se é dia ou se é noite, nem me lembro
Se é agosto ou se é setembro, eu só sei que ainda é cedo
Tô couro e osso, tô virado num coitado
Mas nem sogro e nem cunhado me tira do chinaredo
Denominação dada à antiga moeda de “um mil réis”. Palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular).
bordel; onde fica o chinaredo
Vivente tolo e covarde (vil e ruim), ordinário e velhaco.
alegre, contente
Apego ou paixão por uma china, ou por um peão.
grande, crescido; (Se usa em outras partes do Brasil)
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).