Dionísio Costa/Lincon Ramos
Quem me vê neste bolicho
Com esta estampa de bicho
Saiba, me vendo infeliz
Que o bolicho é o santuário
E o copo o confessionário
Da escolha errada que fiz
A saudade desentóca
Este borracho que tóca
Num violão desafinado
A cada nota perdida
Traz de volta pra minha vida
Aquele amor do passado
Já que eu não tóco e nem canto
Me sirva mais outro tanto
Pouco importa o que gastei
É pouco o preço de um trago
Considerando o que pago
Pelo desprezo que dei
enquanto aqui gasto as horas
Sem dar lida pras esporas
E a bagualada descansa
Vou enfrenando na canha
A paixão que me arrebanha
Pelos bretes da lembrança
Recordando quase choro
Que este braço que hoje escoro
Nas táboas deste balcão
Um dia já foi o trono
Onde embalei em seu sono
Da dona desta paixão
Pequena bodega.
Bêbado