Letra: Júlio Cézar Leonardi
Música: Júlio Cézar Leonardi
Andam fazendo pirraça com os costumes da gringada, e se tu tá achando graça, olha bem pra tua morada;
Duvido que tu não tenha folhinha dependurada, ou use o fogão de lenha pra secar roupa molhada,
Uma mesa bem comprida, que é pra quando chega alguém, cheia de toalha florida, que nem balcão de armazém;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também.
“Não vá pensando que as folhinha são aquelas de borracharia. É tudo com santinho estampado.”
Em cima da geladeira, tem tranqueira “até a goela”; despensa com prateleira, pra guardar tudo as panela;
Cortina em lugar de porta, e onde tem porta, tramela; e um balcão guarda as compota, remédio e ratoeira velha;
Camisola e pijaminha sem uso, ainda se mantém; se a saúde descontrola, roupa pro hospital já tem;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também.
“Aliás, o gringo não tem cortina, só tem coltrina.”
Tem “laranjinha do céu” no pomar, que fica em roda; na garagem um Corcel, que, em setenta, era moda;
Cusco embaixo da parreira, onde o nono faz a poda; galinhada no terreiro bota ovo, enquanto engorda;
Um gato, gordo e vadio, que a nona chama “neném”, um papagaio arredio, xinga e reza e diz “amém”;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também.
“E não vamos esquecer do ‘chorasco’ do gringo, todo domingo com a filharada na volta.”
Domingo, vêm os parentes, e o rancho fica apertado; não para de chegar gente, vai ficando “entupetado”;
Junta neto, genro e nora, filho, primo e afilhado, “e o sossego foi-se embora”, pensa o nono, agoniado;
Batata vira salada, churrasco que vai e vem, vinho, cuca e goiabada, e a gringada se entretém;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também;
É coisa da gringalhada, na minha casa também tem; e tu nem vem com risada, na tua casa tem também.
“Igualzinho lá em casa. Vai lá, pra ver.”
Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Comida preferida do gaúcho.