Meu verso despiu o luto dos silêncios de novembro...
Quando a saudade das casas se foi além das cancelas,
Pois meu olhar caminhante ao perseguir horizontes:
Clareou o negro das horas com a floração amarela...
Te conheci, inocente, no sereno das auroras
Ao malmequer da incerteza que me fez jogar a sorte...
E descobri que teu nome esconde mais do que diz:
Maria-mole é Maria que leva a seiva da morte!
Flor das almas, por batismo, teu catecismo sagrado
Encontra o pleno do ser pra lembrar quem já se foi...
Pois és tu, flor amarela, do novembro dos finados,
Quem reaviva o passado... e também quem mata o boi.
Quem te vê bailando ao vento no desamparo do campo
Não imagina o veneno que tu guardas pra uma tropa...
Tão pequena e indefesa, despilchada de espinho,
Aonde a morte achou o ninho pra seguir campeando a volta.
Num contraponto de extremos, aonde o fim é o começo
Também enfeitas lamento, debruçada em pedra fria...
Pois se as almas te escolheram pra bem servires de abrigo
Eu descobri teu castigo: viver pra sempre poesia!