Caiu a tarde e outra vez o riso largo
Disfarça a mágoa de quem vai ganhando a estrada
Igual ao vento: sem ter rumo ou paradeiro,
Nenhum parceiro pra prosear pela jornada.
Só um aceno pra quem fica junto ao rancho
E um olhar carancho no desejo de ficar,
Mas quis a vida que o destino de um changueiro,
Fosse matreiro e sempre campeasse um lugar...
Junto ao arreio o que precisa pra outro pouso:
O laço novo que ganhou feito lembrança,
Tesoura afiada pro certeiro das esquilas,
Chave de arame pra alambrar as esperanças!
De pouso em pouso: um sonho morto, um sonho moço...
E a vida segue por atalhos e caminhos.
De cada estância que se vai carrega um pouco
No coração que não nasceu pra andar sozinho
E assim se vai mais um campeiro mundo a fora
Gastando esporas pela sina de outra ausência
A perseguir o velho sonho de morada
Ganhando a estrada no campear de uma querência.