Ulpiano Arrido, seus irmãos, sua velha mãe
Ganharam a estrada sob um céu de pouca lua,
Buscando a flor do destino mais sereno
O sol ameno, uma vida menos crua.
Venderam aperos, de estopa fizeram mala,
Deixaram o rancho pra sangria das taperas
Sonhando um mundo onde o inverno não habita,
Porque infinita a estação da primavera
Nunca mais o ferro na terra,
Nunca mais o coice do arado,
Bois de canga, nunca mais,
Nunca mais sinais do passado...
Ulpiano Arrido, seus irmãos, sua velha mãe
Iguais a tantos que encontraram pela estrada,
Buscando a flor do destino mais sereno,
Colheram cedo o inverno longe de casa
Pela cidade, na massaroca das ruas,
Minguou o cobre dos seus aperos vendidos,
Que despassito se fez prata em faca limpa
Na mão faminta do mais moço dos Arrido.
Baseado no conto "Ulpiano, seus irmãos, sua velha mãe" de Luiz Sérgio Metz;
- do livro: "O Primeiro e o Segundo Homem"