Eu tinha um cavalo preto
Que era “loco” de costeado
Da bodega até o rancho
Ia de olho fechado...
Sabia a palmo o caminho,
Toco, pedra e gravatá
...Até o Passo do arroio...
Se tinha ou não que “nadá”!
E ouvi dizer esses tempos,
Depois que a canha fez tanto,
Que andavam bruxas campeiras
No rastro dos pirilampos...
Não me sustive por quebra
Pois, ademais, não me espanto:
“Se hay brujas...yo no creo”:
Não creio em diabo e nem em santo!
Só creio no meu cavalo
Que é peito, cincha e cadência
E onde aperto meus bastos
Aperto a minha querência!
Foi depois de uma de canha...
Que assombro nenhum me ataca,
Atraquei meu pingo preto...
Num tranco de “botá” as vaca!
Já no baixio da coxilha
Me topei com os pirilampos
Em romaria encordoada
Tropa de candeeiro ao tranco
E vinha uma bruxa “véia”
Por incrível que pareça
Aos gritos de venha-venha
Numa mula sem cabeça.
Banquei o pingo na rédea
E esfreguei bem as minhas “vista”
Ou eu devo tá borracho
Ou ando devendo missa
Credo em cruz, Virgem Maria
Quase que fiquei no trilho
E o meu pingo que era preto...
De susto ficou tordilho.