Ao verso, o tempo não é o mesmo tempo
Que enruga a face e entordilha a cerda.
Ao verso, o tempo não é o mesmo tempo
Que gira o mundo, gira sóis e estrelas...
Ao verso, o tempo não é o mesmo tempo:
Não cobra o corpo as ilusões perdidas
E nem lastima a alma de quebrantos
Que nós juntamos percorrendo a vida...
Pois se remoça quando encontra o sumo
Da alma nova de quem lhe conhece,
Se faz eterno em infinitos rumos
E, por ser verso, jamais envelhece!
Ao verso, o tempo não é o mesmo tempo
Que afoga os dias junto aos calendários,
Que traz saudades em forma de lembrança,
Que em sua andança nos impõe calvários.
Ao verso, o tempo reservou o legado
De não ser passado, nem ter hora certa,
De romper silêncio e transcender a morte
Mantendo viva a alma do poeta...