(Zé Barbosa/Crioulo dos Pampas)
Falam que eu sou grosso, não tem importância
Quem diz o que quer, ouve o que não deve
Só dou meus passo' conforme a distância
Pisar no meu pala, nem louco se atreve
Se venho da grota, não tenho cultura
Pra cantar meu pago do jeito que eu quero
Não fico fazendo jogo de cintura
Naquilo que eu falo sou curto e sincero
Sou bem aceito em qualquer sociedade
De bota e bombacha e lenço no pescoço
Nos versos que eu faço eu prego a liberdade
E arranco a verdade do fundo do poço
Este é meu jeito de ser e não mudo
Já nasci assim e assim vou morrer
Quem não me conhece diz que eu tenho estudo
Quando eu tenho ideia pra dar e vender
É por minha terra que canto o que canto
Dizendo o que sinto em cada canção
Num gesto fraterno de puro acalanto
Semente nativa, fruto deste chão
Sou bem aceito em qualquer sociedade...
Na simplicidade do traje que eu uso
Não vejo motivo pra ser criticado
Se em outras paragens me sinto um intruso
Na minha querência sou bem estimado
A pé ou a cavalo, sou sempre um gaúcho
Dançando na sala ou no chão do terreiro
Me torno um centauro queimando cartucho
E mostrando pro mundo o que é ser brasileiro
Sou bem aceito em qualquer sociedade...
Lugar em que se nasce, de origem
Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.
Calça-larga abotoada na canela do gaúcho
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
Gaúcho antigo que peleava montado em eguariço.