José Gaspar Machado da Silva e Leonel Gomez
(Part. Especial: Leonel Gomez - Declamação: José Machado Leal)
A lua se põe à vista,
Como quem vem de visita.
Semear a imagem bonita,
Nos confins dos corredores.
Beijar a face das flores,
Chegar nos ranchos por frestas.
E despertar a seresta,
No peito dos cantadores.
Um raio guacho descansa,
Sobre as loncas ressequidas.
Que de dia tomam vida,
E à noite velam as penas.
Dorme um par de nazarenas,
No gancho da pitangueira.
Sonhando com a barrigueira,
E a fúria dos mais ventenas.
Lá no oitão da ramada,
Um grilo altivo e faceiro.
Dobra o canto feiticeiro,
E um cusco deita ao relento.
Vem no reponte do vento,
De longe um berro de touro.
E uma tropilha de mouros,
Retoça no firmamento.
Se deus artista pintou,
Este quadro à imagem sua.
Fez dele a estampa xirua,
Dolente tristonha e bela.
A cada quadro uma tela,
Conforme o quadro lunar.
Para que se possa olhar,
E adormecer dentro dela.
Animal órfão e criado sem mãe.
Pequeno cachorro (o mesmo que guaipeca).
Coletivo de cavalos.