(Letra: Iradi Chaves e Daniel Silva | Música: Daniel Silva e Arthur Boscato)
Quanta saudade que tenho da minha infância
E da estância que deixei na mocidade
Olho no espelho e vejo meus cabelos brancos
E sigo ao tranco de um peão de cidade
Queria mesmo era rever tudo de novo
Todo meu povo e todas minhas amizades
Enquanto isso, vou remoendo as lembranças
Com a esperança de domar essa saudade
Lá na estância, onde eu fui tão feliz
E tudo fiz para lá permanecer
Aqui no povo sou peixe fora da água
E minhas mágoas já não posso esconder
Sou um campeiro que não tem mais seu cavalo
E nem o galo pra anunciar o amanhecer
Velha estância que hoje mora em pensamentos
Sou só um tento na trança da tua história
Quantas memórias que deixei lá no passado
Enraizado no cerne da tua glória
Por isso vivo a exaltar tua importância
Na minha infância onde forjou todo meu canto
Tu és esteio de uma raça imortal
Com seu ritual nas tardes em acalanto
Canto em versos o tudo que eu perdi
Quando guri deixei a vida campeira
Pois não é fácil abandonar sua querência
E ter consciência de viver de outra maneira
Me falta o campo e o berro da gadaria
E a sinfonia de um sabiá laranjeira
Sou João Saudade que não deixa o passado
Pois é um legado que serve pra vida inteira
A vida passa e não perdoa ninguém
Fico refém se findando minha jornada
Talvez um dia em campo verde celestial
Solto o buçal em uma nova campereada
E assim eu sigo com o lume da boieira
Fecho as porteiras desta rude caminhada
Velha estância que hoje mora em pensamentos...