(Elson Lemos/Paullo Costa)
Deixou os bois, a carreta e a canga pendurada
Qual lua na madrugada do picumã do galpão
Cinzas do fogo de chão, broxas, ajojos, regeiras
E uma saudade matreira na cuia do chimarrão
Entre os guardados eu vejo cada peça da encilha
Mas uma ausência tordilha teima em me fazer costado
Ao ver o apero ensebado, tudo com graxa de "oveia"
Da cabeçada à maneia, do seu jeito caprichado
Roncou o último mate, rincha o guacho no potreiro
O destino caborteiro nega estrivo e corcoveia
A coisa se torna feia pois mesmo o braço mais forte
Não pode vencer a morte depois da dura peleia
E assim se foi o campeiro, mas deixou os seus guardados
Feito um laço preparado da argola à presilha
Um exemplo da família que nunca saiu do trilho
Por onde seguem seus filhos nesta odisseia andarilha
Depois que o campeiro se foi, a vida virou ao avesso
Só restava o recomeço, mas como recomeçar
Se brotam sangas no olhar e o tempo não traz alento
A ausência é como o vento que vai para não voltar
Roncou o último mate, berra o guacho no potreiro...