(Thunão Pereira/Paullo Costa)
À frente da antiga fazenda o gado põem-se a berrar
São gemidos de angústia na hora crepuscular
São vozes incompreendidas nesse coro funerário
Tropel de reses parceiras no mesmo culto mortuário
Quando uma rês é sangrada, que o campo o sangue enegrece
E morta a ponta de faca, carneada, desaparece
Lá no altar da coxilha a tropa faz sua prece
Litania bruta e selvagem de dolorosos bramidos
Uma prece ignorada, terço de berro e gemidos
Desordenada revolta contra o destino implacável
Manotaços e soluços numa fúria indomável
Quando uma rês é sangrada, que o campo o sangue enegrece...
'Inda se ouve na noite pontas de gado a chorar
Babando em cima da terra, em voltas, a soluçar
Na tristeza tão aflita sobre o sangue derramado
Dando adeus ao companheiro que ali foi sacrificado
Quando uma rês é sangrada, que o campo o sangue enegrece...