(Zezinho)
De onde venho, trago o jeito da minha gente
Indiada guapa, vaqueano das sesmarias
Que cruza o tempo, paleteando sol e chuva
E não se curva pro rigor das invernias
De chapéu preto, aba estuciada na copa
Estampa simples, bombacha de pouco pano
Se não bastasse o regalo de ser gaúcho
Carrega o luxo de ter nascido serrano
Se a gaita toca um bugio
Fora do baile eu não fico
Quando laço num rodeio
Já vê que eu sou de são chico
De onde eu venho tem taipa de pedra moura
Cercado xucro de casa, campo e galpão
E uma cancela com mancal de nó de pinho
Devagarinho, vai se enterrando no chão
Mês de setembro, quando o rio grande floresce
Clareia o dia e lá se vão, dobrando o pasto
É a cavalgada das prendas da minha terra
É a mulher da serra fazendo história no basto
Se a gaita toca um bugio...
De onde eu venho, a geada grande seca o pasto
E o campo aberto rebrota a cada queimada
É dali que a minha gente tira o sustento
Espichando o tempo, pulando de madrugada
Fim de semana, metendo corda em rodeio
Florão de armada, vão dando amostra do pano
Fico garboso sempre que falo dos meus
Vivo bem perto de deus, não leve a mal, sou serrano
Se a gaita toca um bugio...
Prático e conhecedor do lugar.
Calça-larga abotoada na canela do gaúcho
Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.
Selvagem.