(Léo Ribeiro/Zezinho)
Se a gaita ronca num chamamé
Parceiro, eu mostro como é que fica
A poeira sobe no santa-fé
E o olhar da china já me palpita
Os pares dançam, campeando espaço
Só pra mostrar que são bons no pé
E o pago canta neste compasso
Se a gaita ronca num chamamé
Mas se a gaita ronca num chamamé
Eu abro o peito num sapucay
Depois dum copo, o que vem eu topo
Eu bato o pé e a casa cai
Morena linda, quero te ver
Daquele jeito que eu gosto tanto
Fazendo juras de me querer
Flor no cabelo e vestido branco
Se, por acaso, me der coragem
No fim do baile vou te dizer
Que vivo livre nestas paragens
Mas largo tudo pra ter você
Mas se a gaita ronca num chamamé...
No mato grosso, terra de guapo
Onde se toma um bom tererê
Até o rio grande, meu chão farrapo
Tudo se alegra num chamamé
As madrugadas têm mais tempero
E estas bailantas têm mais calor
Se nas "artéria" do tocador
Correr o sangue chamamecero
Se a gaita ronca num chamamé...
Fazendo fundo pra um sapucay
Foi que nasceu este chamamé
Brado de guerra dos ancestrais
Que hoje ecoa no amanhecer
E neste embalo de rio sereno
De brisa mansa nos sarandis
E a gauchada, num tranco bueno
Espanta as mágoas que andam por aí
Mas se a gaita ronca num chamamé...
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Lugar em que se nasce, de origem
Andadura lenta dos eguariços.