Montei o zaino estradeiro
Me fui fachudo assobiando
No ventre da noite grande
Um baile andava campeando
De longe assuntei o tronco
Da cordeona resmungando
O eguedo na mangueira
Os colhudo retossando
Risada de china e macho
Prá lá fui me aprochegando
Entrei no salão da farra
Já avistei a zulmira
Raparigaça mui linda
Flor do pago que suspira
Logo vi uma castelhana
Que disse zulmira mira
Me parei mais entonado
Que tronco de guajuvira
Quando a vi num gode poncho
Arriba da sambiquira
Convidei-a pra bailar
Com um lenço palmeando a mão
Requebrando as ancas ai veio
Dizendo assim num refrão
Eu quero molhar-me toda
Do orvalho do teu pontão
Senti o corpo vibrando
Que nem corda de violão
Enxerguei o paraíso
O jardim, a eva e o adão
Foi lá que brotou o pecado
Li num livro macanudo
Contei prá linda este causo
E nesta estória eu me escudo
A cobra tenteou a eva
A eva tenteou o peludo
O adão garrou a eva
E comeu com casca e tudo
Eu estou mais arrepiado
Do que sovéu cabeludo
Ao lembrar sinto saudade
Dos bailes de nicanor
Bochincho de cola atada
Chinaredo pura flor
Fêmea linda igual não ví
Da gruta senti o calor
Ajudei tento com tento
E sangrador com sangrador
E me fui naquela dança
Todo entezado de amor
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Lugar em que se nasce, de origem
Apero torcido de couro cru, peludo (não tem ilhapa), que serve para capturar quadrúpedes.