Álvaro Neves
Teu olhar possui todas as ânsias que junto carrego
há tempo que fiz de teu corpo, meu rancho carinho
Deixei de viver por estâncias e isso eu não nego
Meu catre outrora atirado, já não me acolhe sozinho
Me diz a maneira morena, de te fazer amada
Pois quando te dei meu amor, eu vi felicidade
Te vi me olhando na aurora em sorriso extasiada
Meu campo deixou de ser só e viver na saudade
Morena que um dia laçou meu olhar para sempre
o poncho do amor que eu te dou, jamais será ausente
E quando o inverno chegar, com minuano matreiro
Não esfriará nosso mate, nem teu riso faceiro
Eu sei que o patrão divino, nada faz por acaso
Quem planta amor colhe paz, como foi nosso caso
E o amor que eu te dou é bem mais, que pra uma só vida
Eu sei que estarei te esperando, amor da minha vida
E quando o frio se achega, com a noite estancieira
O catre e o calor dos pelegos nos trazem acalanto
Pois quando te amo, eu vejo tua alma trigueira
Sou potro sem rédeas correndo, pelo teu encanto
A gente não sabe nem marca, quando o amor bate à porta
Sozinho vivia com o cusco, o potro e a lida
Mas hoje percebo morena, que nada importa
Se um gaúcho viver sem amor, pelo resto da vida