(Miro Saldanha)
Sonolento fim de tarde de um retalho de verão;
Cascos que vieram de longe, martelando sobre o chão;
Pés descalços na poeira, marcas de calo na mão;
Lábios que juntam, sem pressa, fragmentos de canção:
REFRÃO
“Vai, carreta! Vai Rodando!
Vai, que o tempo é patrão!
Em cada roda que gira, corta tiras deste chão!
Vai, boiada!
Vai, que há bocas que choram com fome de grão!
E da terra que o boi amassa vem a massa do meu pão.” (bis)
x.x.x.x.
À noite, vem a saudade se chegar, branda e faceira,
Cantando frases perdidas da toada carreteira;
As mãos, num gesto de fada torcendo vestes caseiras,
Penduram trapos de sonhos nos arames da porteira!
x.x.x.x
REFRÃO
x.x.x.x
Ainda a última brasa teima em ficar acordada,
Queimando um resto de vida na fogueira já cansada,
Lá se vai o carreteiro, deixando, atrás, a toada
Escrita em letras de poeira pelos cascos da boiada!
x.x.x.x
REFRÃO
……
“Vai...! Vai...!”