Léo Ribeiro / Música: José Claro – Zezinho
No palco de um baile campeiro
O grande gaiteiro sua vida repassa
Seus versos, por vezes tristonhos,
Embalaram sonhos de toda uma raça.
Nos olhos já brotam saudades
De uma mocidade de lindos momentos
(No peito são tantas lembranças
Que ficam d’ herança pro resto dos tempos.)
Seu toque é do estilo mais puro,
Luzeiro no escuro, tem cheiro de chão,
Seu jeito de taura sem medo
Brotou dos varzedos do velho Pontão.
E agora o baile têm fim,
O mundo é assim, se cala o cantor,
Não mais a negra cordeona
Se abrindo, chorona, sobre o tirador...
Pataquero da estirpe indomada,
Fez da pianada fiel companheira.
Levando ao peão lá de fora
A arte sonora terrunha e campeira.
Na estampa o antigo Rio Grande,
Nas veias o sangue de quem faz história.
(Descansa, mas sua jornada
Fica na invernada de nossa memória.)
Pois eu que admiro este taita
E enxergo na gaita a alma do homem
Afirmo -não morre seu canto,
Num fundo de campo ecoa seu nome.
Rebrota qual seiva nativa
Mais verde e mais viva depois da queimada
Voltando de novo o gaitaço
Na força do braço desta gurizada.
Porca Véia, amigo e parceiro,
Gaudério tropeiro de lindas canções.
E enquanto uma gaita se abrir,
O teu toque há de vir Alegrar os galpões
Obrigado, por tanta alegria,
Mas sei que um dia que o mundo da volta
Te esperamos com erva na cuia
E o teu grito de “uiaaa" n'outro baile tu salta
Vivente que monta bem e é hábil no serviço de campo.
Vivente que se pode recomendar.
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Subdivisão de uma Fazenda; designa também, departamento de um CTG (Entidade Tradicionalista).
Vivente valentão, destemido e guapo.
Vivente aventureiro que chegou na Pampa, vindo do Brasil-central; não tinha profissão definida, nem morada certa e não se amarrava ao coração de uma só mulher
Cabaça para chimarrear (ou matear); em guarany caiguá.