Louco Ofício
Quando Canta Um Galponeiro (2007)
Zezinho e Floreio
(Luiz Carlos Alves/Dionísio Clarindo da Costa)
A noite me pega sorvendo lembranças
E o sono me alcança só de manhã cedo
O sopro do vento proseia comigo
Com o cusco amigo reparto segredo
Se abanca comigo a vil solidão
E a voz da ilusão cantigas entoa
Nesta vida insone, saudade é meu vício
No meu louco ofício de prosear à toa
Ninguém acredita que um taura campeiro
Criado em potreiro a coice e mangaço
Chegasse ao ponto de amargar ausência
E chorar carência de um simples abraço
Cativo da noite, sonhando acordado
Com os olhos molhados, o tempo não passa
Eu sou labareda e, às vezes, sou geada
E a madrugada gelada me abraça
A vida me deu o tombo mais feio
Caí dos arreios, de cara no chão
A força dos potros eu sempre venci
Só não aprendi a domar a paixão
Ninguém acredita que um taura campeiro...