Um boi brasino dorme nesse laço
O sono eterno de quem já se foi
Hoje não sente mais os tironaços
Que lhe judiavam quando era um boi
O fio da faca lhe roubando a vida
A dor do ferro ensangüentando o chão
A luz se apaga pois já está cumprida
Um boi sangrado tarde de verão
Couro estaqueado com o maior capricho
É de brasino, vai dar laço forte
Que sina estranha que carrega o bicho
Servindo os homens até depois da morte
Hoje o brasino é mais um doze braças
Que vem na anca do meu pingo mouro
Nada é pra sempre tudo um dia passa
Lembra-me o boi de quem só resta o couro
Um boi brasino dorme nesse laço
O sono eterno de quem já se foi
Hoje não sente mais os tironaços
Que lhe judiavam quando era um boi
Quando eu atiro esse meu velho laço
E ele viaja em busca de outro boi
Bate nas aspas cerra num abraço
Eu vejo o antes junto do depois
O boi não quer o laço do brasino
Senta, escarceia como ouvindo alguém
Que diga: luta contra o teu destino
De ser um laço como eu sou também
Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.
Destino, sorte.
Afetivo de cavalo de estimação.