Letra: Rodrigo Bauer
Música: Marcello Caminha
Éguas gateadas bem formadas na mangueira
a recolhida veio cedo da invernada
e a melodia das esporas cantadeiras
vai acendendo o que restou da madrugada
A cuia guarda os meus segredos mal dormidos
junto à chaleira ao pé do fogo recostada
e o mate sonha nos meus sonhos distraidos
quando se deixa com a erva já lavada
Sobre os arreios meu viver se perpetua
e enchergo a alma da querência galponeira
num joão-barreiro que chegou há muitas luas
e ergueu seu rancho no palanque da porteira
Talvez por isso em cada nova recolhida
dentre a mangueira neste velho ritual
junto comigo no tenteio desta lida
sinto o Rio Grande agarradito no buçal
Quando o rebanho vem na dobra da coxilha
trazendo os velos invernais para a estação
mal comparando vejo nuvens andarilhas
que se perderam do horizonte para o chão
E o céu campeiro que acordou meio nublado
sangrando o dia para as luzes do arrebol
em pouco tempo foi ficando pelechado
e abriu porteiras para o vento e para o sol
A vaca esconde a cria nova na macega
e eu vejo a vida que renasce no capim
o atavismo que não morre e não se entrega
num touro pampa afiando a guampa num cupim
Cabaça para chimarrear (ou matear); em guarany caiguá.
Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.
Conjunto da encilha.
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Esteio grosso e forte, onde se amarram animais.
Grande curral.
Vivente que monta bem e é hábil no serviço de campo.
Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).