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Depois Que o Campeiro Se Foi

De Alma, Campo e Saudade (2015)

Paullo Costa

(Elson Lemos/Paullo Costa)

Deixou os bois, a carreta e a canga pendurada
Qual lua na madrugada do picumã do galpão
Cinzas do fogo de chão, broxas, ajojos, regeiras
E uma saudade matreira na cuia do chimarrão

Entre os guardados eu vejo cada peça da encilha
Mas uma ausência tordilha teima em me fazer costado
Ao ver o apero ensebado, tudo com graxa de "oveia"
Da cabeçada à maneia, do seu jeito caprichado

Roncou o último mate, rincha o guacho no potreiro
O destino caborteiro nega estrivo e corcoveia
A coisa se torna feia pois mesmo o braço mais forte
Não pode vencer a morte depois da dura peleia

E assim se foi o campeiro, mas deixou os seus guardados
Feito um laço preparado da argola à presilha
Um exemplo da família que nunca saiu do trilho
Por onde seguem seus filhos nesta odisseia andarilha

Depois que o campeiro se foi, a vida virou ao avesso
Só restava o recomeço, mas como recomeçar
Se brotam sangas no olhar e o tempo não traz alento
A ausência é como o vento que vai para não voltar

Roncou o último mate, berra o guacho no potreiro...


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