Da Vida Que os Olhos Contam
De Alma, Campo e Saudade (2015)
Paullo Costa
(Olavo Loreto/Paullo Costa)
Apesar de índio de porte, nas vestes logo se via
Que não teve companhia da china chamada sorte
Cruzando sempre sem norte, sem aplacar suas ânsias
Um dia bateu na estância nos olhos de olhar comprido
Tinha o vício adquirido de devorar as distâncias
Era um monarca montado, mas o pingo era um retrato
Das mazelas e maus tratos que lhes faziam costado
Os olhos de olhar cansado onde a ausência fez morada
Contavam de mil jornadas encaradas com firmeza
Dos rigores e tristezas de residir nas estradas
Nos traços firmes do rosto se via um gaúcho guapo
Lembrava um taura farrapo, orgulhoso do seu posto
Peleando com muito gosto em entreveiros dos buenos
Sorrindo os olhos pequenos num olhar que não vacila
E uma coragem tranquila temperada no sereno
Tanto no campo ou rodeio para a destreza da mão
Tinha olhos de gavião que encontra asas no arreio
Era senhor nesse meio de distâncias aramadas
Onde sua mente atilada naturalmente operava
Parecendo que apartava com a força de sua mirada
E aquerenciou-se ao galpão, talvez cansado das viagens
Tinha olhos de visagens mateando junto ao fogão
Sem demonstrar emoção ou proceder alterado
Certo dia foi pealado com o peito rompendo amarras
Ao pontear uma guitarra com olhos enamorados
Nos traços firmes do rosto se via um gaúcho guapo...