Da alma branca dos que tem saudade
Brotam luzeiros pra clarear o dia
E na madrugada junto a um fogo grande
Repontam a querência que estava vazia
E se repetem por saberem o rumo
Que a vida toma por andar vadia
Nem mesmo o tempo por ter contratempos
Reconhece o sonho entre os temporais
Que a alma inventa cada vez que a gente
Se perde de um jeito de não se achar mais
E se desespera por saber que a espera
Pode ser pequena ou não findar jamais
Cada vez que a alma por não ter morada
Acha novo ninho pra pousar as asas
Uma outra alma oferece abrigo
Que a gente às vezes o transforma em casa
E quando então uma saudade fica
Junto a um fogo grande pra soprar as brasas
E a gente chora de chover por dentro
Por mais que essa dor nos siga as pegadas
Nem mesmo que a chuva com suas nuvens negras
Apague seus rastros que marcaram a estrada
Daí então meu rumo possa ter destino
De vencer distâncias e topar paradas
E da alma branca dos que tem saudade
O que a gente então pode perceber
Que a luz dos olhos pode ser o brilho
Que vamos tentando em vão esconder
Pois quem tem os olhos de olhar por dentro
Reconhece a alma por saber querer
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
dormir na casa de outrem
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