Sou peão de estância encruado
Nasci num catre de barro
Por isso aqui me agarro
Cantando a um pago sagrado
Fui benzido e batizando
Na fumaça do retoço
Que me fez desse alvoroço
Gaucho de corpo e alma
(2x)
Templado na xucra calma
Sou mescla de carne e osso
A ânsia que me atormenta
Me provoca volta e meia
Sinto que em mim corcoveia
Uma gana pacholenta
A minha estampa sustenta
Alem de um grito de guerra
O sarandeio da terra
Que o guasca sente nas ventas
Brotei do chão das boconas
Cresci sobre as sesmarias
Desdobrando a geografia
Meus apegos vieram à tona
O compasso das choronas
E o entrevero de guampa
Fizeram da nossa pampa
A terra mais macharrona
Nas boconas virei gente
Por que nelas fui criado
Ouvindo o berro do gado
E o murmúrio das enchentes
Bebi água das vertentes
Na copa do meu chapéu
Ouvi rumores no céu
Era piazito e me lembro
(2x)
Dos temporais de setembro
Santa rosa e são miguel
E eu por quebra me agrando
Abraçado na guitarra
Pra cantas potros e garras
E um veiaco se bolcando
Um rodeio se empurrando
Na estronca da porteira
E a cachorrada ovelheira
Num vai e vem se queixado
E aqui me entrego a esta ânsia
Que tenho de andar alçado
Com meu sombreiro tapeado
Para pentear na distancia
Por que a inocente ganância
Que junto ao índio se agrupa
(2x)
E o que saca na garupa
Da alma de um peão de estância
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.
Cama rústica improvisada com o “maneador” passado entre dois varões que unem dois pares de pés em forma de “X”, sobre o que, coloca-se forros (pelegos).
Lugar em que se nasce, de origem
Desejo súbito, vontade.
Tira de couro cru; também designa pênis de gaúcho, ou gaúcho rude e rústico.
Mistura e confusão de pessoas, animais ou coisas.
Adolescente.
Reunião para cuido, que se faz do gado.