DE RODEIO EM RODEIO
Quando um matungo “veiaco”
Arrasta o toso comigo
Ali no mais eu me obrigo
Campear a sorte na espora
Cavalo é sempre um perigo
Na gineteada ou na doma
Deixo que a espora lhe coma
Que assim minha sorte melhora
Depois que eu saltar no lombo
Só quandi que quero eu apeio
Minha fama anda a cavalo
E vai de rodeio em rodeio
As botas garrão de potro
E um sombrerito tapeado
Um tirador retalhado
De coices e manotaços
Vão desenhando na estampa
As cicatrizes da lida
E o meu seguro de vida
É um par de esporas de aço
CAMBICHOS
Quando escaramuça no meu peito uma saudade
Agarro as garras pra encilhar meu estradeiro
E enquanto a tarde já se apaga pelos cerros
Minh’alma acende suas paixões e seus segredos
Depois a noite trás a lua leve e calma
Estes banhados erguem vozes e cochichos
Eu abro as asas onduladas do meu pala
Porque me bate a sede louca dos cambichos
Tiranas lindas que me arrastam pra um surungo
Num fim de mundo onde geme uma cordeona
Onde se embala minha alma de campeiro
Pelos luzeiros das miradas querendonas
Gringas mestiças e morenas cor de aurora
Negras e claras se confundem na fumaça
Meu coração é um barco errante nessas horas
Passando a noite sem saber que a noite passa
Mas quando o sol braseia as barras do horizontes
Só restam rumos e recuerdos pra seguir
Porém mais vale pra um gaudério esta saudade
Do que não ter saudade alguma pra sentir
Reunião para cuido, que se faz do gado.
Cavalo de pouca qualidade.
Avental de couro; pilcha exclusiva de serviço.
Vivente aventureiro que chegou na Pampa, vindo do Brasil-central; não tinha profissão definida, nem morada certa e não se amarrava ao coração de uma só mulher