INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Batendo Cascos

Délcio Tavares

CD Vozes do Silêncio (2011)

Aquele mouro encilhado
Ali na frente do rancho
Chegou aqui aporreado quebrando ferro nos ganchos
Depois de muitos desmanchos
De espora, mango e maneia
Afrouxa o lombo e troteia
Quando fareja um farrancho.

Por muito tempo ventena
Foi o quinchê da manada
Sete dias por semana
Passava correndo eguada
Lombo liso, cola alçada
Matreiro e corcoveador
Nas garras do domador
Foi se entregando por nada.

Agora depois que chego
Pra me benzer no bolicho
É só dobrar os pelegos
Que o mouro afrouxa o rabicho
Cavalo pra mim é um bicho
Que compreende o ser humano
Por mais que seja aragano
Gosta também de um cambicho.

De manhã quando me acordo
Pra chimarrear de posteiro
Vendo meu mouro recordo
O meu tempo de gaiteiro
Percorria o pago inteiro
Por sobre o fole espichado
Refazendo nos teclados
Antigos bailes fronteiros.

Chamamés, polca e milongas
Vaneiras, chotes valsados
Ecos que ainda ressondam
Além dos causos contados
Dos meus sonhos acordados
Os devaneios conjuntos
Pra mermar os contrapontos
No lombo dos aporreados.

Gaita, mulher e cavalo
Não se empresta pra ninguém
É como canto de galo
Na madrugada que vem
Se o outro disser amém
Se perde o toque e o lombo
E o pior de tudo é o tombo
Da china que se quer bem.

COMPARTILHE

APORREADO

Mal domado.

MANGO

Espécie de açoite.

PAGO

Lugar em que se nasce, de origem

CHINA

Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).