O meu soneto
Chora nas goteiras
Das casas pobres
Dos confins das ruas
Onde a miséria
Vem pintar olheiras
Nos olhos tristes
Das meninas nuas
O meu soneto
Vai fazer sonata
Nessas favelas
De famintos lotes
Onde os meninos
Vão virando latas
Comendo a fome
Que alimenta a morte.
Meu canto sangra
Por não ter sentido
Quando as sirenes
Sonorizam o morro.
Quando as sirenes
Sonorizam o morro,
Caçando anjo
Que se fez bandido
Então meu verso
É um acorde aflito
Que fere a lira
Pra pedir socorro.
Que fere a lira
Pra pedir socorro,
E sobe o morro
Pra morrer num grito.
{repete tudo}