Vem o Rio Grande de tiro no cabresto do meu canto
E a minha voz eu levanto na evocação que aprendi
No borralho guarani que ainda mantém-se quente
No sangue da nossa gente dos ancestrais até aqui
No calor de um fogo grande o mate da madrugada
Com sangria desatada batizou a minha raça
E o tempo que vem e passa cada dia há de me ver
Teimando em renascer do Picumã e da fumaça
Vim da invernada dos anos no rumo do tempo novo
E aqui encontro meu povo com traumas na identidade
Por isso a hostilidade quando eu canto do meu jeito
Contra os que acham direito matar nossas verdades
O gaúcho manancial, vertente de inspiração
Respaldado de opinião, guitarreando se agiganta
E estremece quando canta, senhor do próprio talento
Não tem preço o sentimento que transborda na garganta
Há gente que não houve estâncias neste canto de chão
Nem enxergam o galpão na estampa da voz trocada
Não andam na mesma estrada dos gaúchos de a cavalo
Nem ouvem cantos de galo despertando a madrugada
Não são culpados aqueles que não carregam no peito
Mas enxergam com respeito a tradição secular
E sim quem vive a explorar fazendo os próprios apartes
Pseudos-donos da arte que teimam em nos governar!
Apero de couro cru que prende-se ao buçal (pela cedeira ou fiador).
Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.
Subdivisão de uma Fazenda; designa também, departamento de um CTG (Entidade Tradicionalista).
Vila, distrito.
Palavra de origem guarany, pois nessa língua não existe vocábulos com o som da letra “L”.
Lugar de onde verte água.
Estafeta que leva algo a outrem.
Tipo de edificação que com o rancho forma um conjunto habitacional no RGS; numa Estância ou numa Fazenda, abriga o alojamento da peonada solteira, os depósitos de rações, almoxarifados, apetrechos, aperos, galpão-do-fogo, etc.