( Álvaro Neves )
Se o meu sono não vem a tempo nessas madrugadas
E até a alvorada fico na varanda olhando
Ao longe a imensidão do campo em infinitude
E aqui dentro rude esta dor que vai matando
Se ao menos as lembranças não viessem com o vento
Que zomba agourento pelas frestas do ranchinho
A mesma melodia desde o dia que partistes
Deixando só e triste o meu coração sozinho
E onde estará ? Em que campo em que querência ?
Talvez com a mesma ardência da paixão que nos consumiu
Porém se assim fosse estarias ao meu lado
Sorvendo o mesmo amargo que um dia nos uniu
E a triste melodia que o vento assovia
Por vezes se confunde aos acordes da guitarra
Que tal qual o teu corpo eu afago com os meus dedos
E deitada em meu colo por vezes em mim se agarra
E esse som campesino que é um lamento encimesmado
É o jeito machucado que encontrei para as minhas penas
Meu canto como um vulto, então liberto vagueia
Como um potro ferido por entre as açucenas
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
Cavalo novo que ainda não levou lombilho.