Moro no fundo do campo lá na costa do capão
Vou levando minha vida vivendo da plantação
Preparo bem minha terra com arado, foice e facão
Plantando e também colhendo os frutos do nosso chão.
Só querosene, sal e açúcar
Eu tenho que ir no bolicho comprar –
Por que o resto nesta terra santa
Pra gente que planta, é certo que dá!
O arroz que a gente come, no pilão é bem socado,
Da casca faço um adubo, prás plantas o cercado –
O feijão que vai pra era, pra depois ser debulhado,
Com batida de manguá ou nas patas do tostado.
Do trigo faço a farinha, da farinha faço o pão
Do resto faço um chapéu, pros mormaço do verão –
Do milho faço a canjica, o sabugo pro fogão,
E a palha vai pro palheiro e o resto pro colchão.
Porco gordo no chiqueiro pra fazer a banha pura
Da carne faço lingüiça e a morcilha das grossuras
E o leite da Barrosa vai pro queijo e rapadura,
Pro tempero disso tudo, uma horta de verdura.
Nos fundos um arvoredo com muitas frutas no pé
Planto batata, mandioca, o inhame pro café –
A água vem da cacimba e a luz do lampião,
Planto fumo pro palheira e a erva pro chimarrão.
Pequena bodega.
Apetrecho composto de duas peças de madeira, aculheradas por tento ou arame, que serve para debulhar grãos a manguasadas.
Quentura de sol abrasador, geralmente após uma chuva de verão.
A alma da espiga de milho.
Cigarro feito de fumo-em-rama, cortado, picado, moído e enrolado em palha-de-milho.
Fonte de água potável já devidamente preparada com tampa.