Eu sou o próprio gaúcho sem tinta e sem fantasia
Venho do ermo do pampa, com sestro e com rebeldia!
Não trago nenhum discurso dobrado embaixo do braço
o que é preciso ser feito, eu não enfeito, mas faço!
Meu laço não é bonito, mas me garante o sustento
e quando cerra, estou certo que não “remalha” um só tento!
O meu apero não brilha, porque já é veterano
não é dos que veem cavalo somente uma vez por ano!
Sou o gaúcho dos campos, não o das fotografias
Pra quem a lida de campeira jamais foi uma utopia
Eu não desfilo nem danço, nunca fui numa mateada
mateio à beira do fogo nos braços da madrugada!
Eu sou o próprio gaúcho, não sou um tipo oficial
marcado e assinalado por um galpão regional
Me gusta ser orelhano, sem fronteira ou documento
meu ancestral, o gaudério, não tinha regulamento!
Quando as bandeiras desfilam no colorido da praça
estou no fundo do campo como um guardião desta raça
Eu evito os refletores, no meu exílio campeiro
eles agridem meus olhos que são irmãos do candeeiro!