Eram dois desconhecidos
E uma mesma sorte
Dois leitos do mesmo hospital
Escaparam da morte
Após um acidente
O destino é que os unia
Plantou semente de amizade
No curso dos dias
Antônio que perdeu dos olhos
A luz que habitava
Laércio, com lesões internas
Onde a dor morava
Lado a lado, Laércio ficou
Mais perto da janela
E, por seus olhos
É que Antônio olhava por ela
Todos os dias, Laércio contava
Do que estava vendo
Namorados abraçados
Crianças correndo
Antônio era mais feliz
Nos relatos que ouvia
Parecia ver intensamente
O que acontecia
Um dia, veio a ambulância
E Laércio com ela
Em sua ausência, faltava vida
Além da janela
O destino que levou Laércio
A alma pela mão
Deixou pra Antônio
A saudade e mais solidão
Porém, Antônio foi pedir
Pra uma enfermeira
O que a janela mostrava
Pela rua iteira
Mas a resposta que ouviu
Lhe trouxe confusão
A janela dava pra parede
Sem qualquer visão
Antônio entendeu ali
O que Laércio era
Amigo que enxergou na alma
A luz da primavera
Cada um é livre pra sonhar
Visões pela janela
Eis a magia da vida
Basta olhar para ela
Eis a magia da vida
Basta olhar para ela
Eis a magia da vida
Basta olhar para ela