(Letra: Raul Boscato | Música: Arthur Boscato)
Os pinheirais que emolduravam horizontes
Hoje são fontes de poesia e inspiração
E essas distâncias onde cruzaram tantas tropas
Trazem saudades, tomam forma de canção
Dos pinheirais que emolduravam horizontes
Florear dos ventos repontando sinfonias
Ecoam vozes, assovios, tristes lamentos
Timbres serranos ajujados de poesia
Vai pela alma um sentimento que se agranda
Cheias de sanga pelo campo esparramando
Pisar caminhos, tanger tropas, traçar rumos
Tropeio versos escoltados por milongas
Gralhas alertas rondam copas dos pinheiros
Rimam parceiros quero-queros campo afora
Em contraponto com cincerros das madrinhas
Ecos de tempos diferentes dos de agora
Que a denunciar a invasão dessas fronteiras
Seguiam lindeiros repontando a própria sina
Rumor de tropas no destino do tropeiro
Da gralha azul, plantar pinhões pelas campinas
E toda a serra conheceu tempos de tropa
Cerros e grotas contornando trajetórias
Causos das quinchas, dos arrimos, das mangueiras
Porteira e varas encravadas, feito lanças
Lides tropeiras, o arranchar das comitivas
Jeito biriva de pousar com segurança
Fogo e braseiro aconchegam cantilenas
Toque de viola é convite pra ficar
Lembrança doce de alguma pele morena
Trago de canha traz anseios de voltar
Nas invernias, com geada grande em madrugadas
Ou polvadeiras pelas secas de verão
Segue o reponte repassando a mesma estrada
De norte-sul, léguas de mundo e solidão
Vem se chegando nova tropa na porteira
Com madrinheiras e bruacas carregadas
Trazendo acordes, melodias, versos e rimas
Em canções lindas que são ecos das tropeadas
Vai pela alma um sentimento que se agranda...