(Letra e Música: Felipe Silveira)
A tropa amarga a boca lambendo sal no rodeio
De repente, um berro grosso vi brotar de um boi matreiro
A cuscada se alvorota, pressentindo o boi no chão
O laço é um tiro certeiro no meio da imensidão
Chega outro no costado, passa a cola no entrepernas
O boi forceja e bufa forte, chega "inté" de me dar pena
Esperneia e tenta a luta, mirando as aspas pra o norte
A peleia tá firmada pra vencer quem for mais forte
Meu gateado, que é campeiro, sabe onde aperta a cincha
Não afrouxa nenhum tento, conhece bem do serviço
O boi, já quase sem força, num olhar já de vencido
Senta a cola no chão do campo onde foi parido
O boi, já quase sem força, no campo onde foi parido
Toda vez que me enforquilho pra mais um dia de lida
É uma liturgia sagrada que o campeiro não se olvida
Tem, firmado em seu ofício, compromisso campesino
Campanudo nos arreios que amadrinham seu destino
Volto às casa' ao tranco largo no compasso do gateado
Desato as garra' e as espora', estendo as xergas no aramado
Me agrada um mate bem cevado na silhueta do galpão
A investida foi terrunha, tá cumprida a obrigação
Meu gateado, que é campeiro, sabe onde aperta a cincha...