(Letra: Eduardo Corrêa | Música: Arthur Boscato)
Milonga andante de pousada incerta
Parceira inquieta de canha e luar
Incita aos olhos o afã de andejar
Nesse improviso tão rude de rimas
Milonga, aroma de pasto e flexilha
Jujo de mate e berro de boi
Eterno recuerdo de quem já se foi
Na simples beleza de uma maçanilha
Milonga doce de sorriso franco
Branco semblante de sonho e estância
Essência bugra de campo e distância
Luz de candeeiro que ronda meu rancho
Milonga, vento que espalha os encantos
Que floresceram nessa primavera
Como capricho de um Deus poeta
Que usa a pampa pra espelhar seu canto
Musa campeira de negros cabelos
Indiferente ao meu pobre sonhar
Lume de estância aos meus olhos andejos
Onde o lirismo senta pra matear
Na miscelânea de marcas e pelos
Garras, culatras, caras e sinuelos
Acho a milonga que quero cantar
Milonga xucra de alma redomona
Quando encilhada, bufa e esconde a cara
Se acomoda quando cerro a armada
Pelos seis tentos de um sovéu de pinho
Milonga guia rumos e caminhos
De navegar no meu peito coxilha
Galpão quinchado, fogo e corunilha
Onde, em segredo, encerro os meus carinhos
Milonga linda de cantar baixinho
Em serenata pra uma flor xirua
De versos claros como a luz da lua
Bordoneando os fios do teu cabelo
Milonga mansa com sons de cincerro
Cerne crioulo de poesia e calma
Sai das vertentes vicinais da alma
Pra te encontrar e me entregar inteiro
Musa campeira de negros cabelos...