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Peleia no Fandango

Hora do Mate (2020)

Júlio Cézar Leonardi

Autor: Júlio Cézar Leonardi / Julio César Ambrosini

“Fandango gaúcho é coisa boa demais, tchê! Agora, quando tem peleia, bah... é melhor ainda!”

Abri a gaita no galpão lotado, abarrotado, que nem paçoca,
E um índio grosso, de faltar espaço, marcava o passo, com uma chinoca;
E aquela prenda vinha me piscando e disfarçando do índio grosso;
Eu paquerava e disfarçava e arriscava o meu pescoço.
//Vai dar peleia neste fandango, facão e mango, vão estralar;
//E o baile véio se incendeia, se tem peleia para animar.

“O índio grosso era daqueles do bigode repartido, tchê; mal-encarado igual touro de rodeio; e a prenda me olhava, e eu olhava pra ela...”

Lá pelo meio do alvoroço, o índio grosso me encarou,
Pensei comigo: “Vai dar enguiço”, mas, num sorriso, ele falou:
“Empresta a gaita e deixa que eu toco, co’a minha chinoca tu vai dançar”;
Dancei com a prenda por meia hora, e fomos pra fora, namorar.
//Vai dar peleia neste fandango, facão e mango, vão estralar;
//E o baile véio se incendeia, se tem peleia para animar.

“O índio grosso floreava minha gaita... era xote, bugio, rancheira; e eu, só no namoro com a prenda.”

Tava entretido com aquela china; de relancina, a gaita parou;
E aquele índio ficou bem louco; por muito pouco não me alcançou;
Fugi com ela, estrada afora, não era hora pra ser valente;
Perdi a gaita pela chinoca, ganhei na troca e tô contente.
//Vai dar peleia neste fandango, facão e mango, vão estralar;
//E o baile véio se incendeia, se tem peleia para animar.


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