Matinês de Domingo
Hora do Mate (2020)
Júlio Cézar Leonardi
- Intérprete: Júlio Cézar Leonardi e Grupo Fandangueiro
- Autor: Júlio Cézar Leonardi
“Agora eu vou contar como é que tudo começou!
Vamos lembrar dos matinês de domingo! Quanta saudade! Vamos recordar!”
Comecei tocar cordeona nos bailinhos do rincão,
Nos matinês de domingo, gaita, pandeiro e violão;
Dançava a vovó com o neto, a prendinha com o peão,
E até mulher com mulher... não faltava diversão.
Roncava a gaita, num trancão do jeito antigo;
Comecei tocar cordeona nos matinês de domingo.
“E o primeiro matiné de domingo foi lá no Jacaré, nos idos de 98.
Alô, meus amigos da família Citadin, que sempre nos acolheram tão bem...
Um grande abraço!”
A gaita gritava alegre, nos braços deste gaiteiro,
E o “Seu Chico” bordoneava o violão, sempre faceiro;
O compasso era marcado pelo toque do pandeiro,
Que chacoalhava nas mãos do meu pai, bem altaneiro.
Roncava a gaita, num trancão do jeito antigo;
A gaita gritava alegre nos matinês de domingo.
“E não faltava prenda bonita, naqueles matinês!”
Quanta chinoca lindaça, conheci nessas festinhas;
Solteira, viúva e casada, me espiavam de fininho;
A coroa se assanhava, e sorria a prendinha,
Que chegava, bem faceira, pra trazer a vovozinha.
Roncava a gaita, num trancão do jeito antigo;
Quanta chinoca lindaça nos matinês de domingo.
O povo se chacoalhava até o sol se apagar
E depois se despedia, com vontade de ficar;
Que saudade dos bailinhos que eu vivia a tocar;
Dos matinês de domingo, como eu gosto de lembrar.
Roncava a gaita, num trancão do jeito antigo,
E o povo se chacoalhava nos matinês de domingo.