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Eu Já Nasci de Bigode

Mbororiano, Rio Grandense e Brasileiro (2020)

Mano Lima

(Eu já nasci de bigode
Não tiro nem pra lavar
Às vez, eu abro com a chaira
Que é pra desmaçarocar
Eu já nasci de bigode
Igual filho de jundiá.) Bis

Eu já nasci de bigode
Quase não pude mamar
A minha mãe se arranhava
Naquele manduruvá
Se apavorou a parteira
Na hora de me aparar
Veio junto com a criança
Uma cola de tamanduá

O bigode, meu amigo,
Entre tanta serventia
Carrega um pouco do almoço
Pra o fiambre do fim do dia
Abriga a cara no inverno
Quando o minuano nos vem
Esconde um dente cariado
E a falta dele também

É um mato que nos abriga
É um filtro que nos acode
Quando tem mosca no leite
Ela fica no bigode
E se, no frio, tá gripado
Parecendo um chafariz
O bigode ataca tudo
Que desce pelo nariz.


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