Manhã de Rodeio
Do Meu Rincão (2018)
André Teixeira
(Edilberto Teixeira/André Teixeira)
Com a palha e em cima os gravetos
O fogo amanheceu armado
E, num upa, com os tocos secos
O galpão ficou iluminado.
Nesta manhã querendona
Os galos chamaram os peões
Pra conversar com a cambona
Bem recostada aos tições.
Depressa formou-se a roda
Dos tomadores de mate
E os pitos de fumo-em-corda
Com a cuia o tempo reparte.
Do sangrador já se escuta
O moqueio das chamas tontas,
Frigindo os nervos da nuca
E as duas ripas das pontas.
Com a erva usada e a água morna
E o assado que não tem mais...
Os cavalos, todos na forma,
Dão a orelha pra os seus buçais.
Um peão destorce as rodilhas
De um laço que não tem dono,
E um outro desapresilha
O cabresto do cinamomo.
O capataz pegou o grito:
“-Minha gente, bamo s’imbora!”
Ficando ali um peão solito
Maneando os tentos da espora.
Se foram... esporas cantando
O canto das suas rosetas
E a cuscada ía pulando
No freio de um sotreta.
Ficou só, pulseando as vacas
O peão caseiro da estância
E o sereno molhando as patas
Da alvorada que vem mansa.
Na porteira da invernada
Se esparrama toda a escolta.
Mate amargo, carne assada,
Café bem doce na volta!
“Êêêra vaca!... ibahahá!...”
- Grita forte a peonada -
“Pega-pega humaitá!...”
- Que o sol já vem na canhada -
O gado vai levantando
Com esta radiosa manhã
E, aos poucos, vai se fechando
O rodeio da Tarumã.