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Nesga da Noite

Aparte (2006)

Telmo de Lima Freitas

Tirei uma nesga de noite madura pautada de estrelas
Escrevi na clave do sol que raiava a minha canção
O canto das aves fazia um solfejo com as gotas de orvalho
As notas maduras das flautas dos grilos pingavam no chão

O vento mansinho penteava os cabelos de velhas macegas
Na beira da sanga um sapo cansado de tanto cantar
Lembrava da noite com flauta de grilos e réstias de lua
Bordando os barrancos do fundo do tempo que custa a passar

A ronda em silêncio num giro constante, muito vagarosa,
Trazia de volta lembranças antigas desfeitas em pó
Num rancho solito, perdido na noite, barreado de ausência,
A carga da vida é bem mais pesada pra quem vive só.


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