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Vaneira Macharrona

Aporreado Conhaque (2010)

Ênio Medeiros

(letra: rogério villagran | música: Ênio medeiros)

escuta minha vaneira mui candongueira e charrua
parida em noite de lua junto ao clarão da boieira
batizada nas ilheiras de uma gaita sem costeio
que andou potreando floreios nos bailongos da fronteira

vaneira é clarim de guerra abagualada na estampa
que traduz o idioma pampa aos quatro cantos da terra
pois quando a cordeona berra corcoveando num compasso
a tchanga vem pra o meu braço e a polvadeira se encerra

hino de pátria baguala, mescla de sonhos e ânsias
almas dos galpões de estâncias que a tradição embuçala
tua voz nunca se cala nem que esse mundo desande
pois teu sonido é o rio grande nos quatro cantos da sala

a noite fica pequena, a gaita bufa e se encolhe
a china faz corpo mole e o bugre arrasta a chilena
porque a vaneira envenena, enfeitiça e prende o fogo
neste audacioso jogo que a santidade condena

vaneira é china gaviona que só conta seus segredos
praqueles que tem nos dedos os apegos da cordeona
jamais o tempo se adona, tampouco o destino muda
a simplicidade cruda da vaneira macharrona

até o candeeiro escramuça num balanço pacholento
até parece o lamento da chorona que soluça
teu tranco é vida que pulsa e atormenta o índio taita
pra ser parceiro da gaita quando a aurora mostra a fuça

vaneira é clamor de povo floreando em baile de rancho
onde o gaiteiro carancho se espelha no seu retovo
então assim me comovo, agarro a china mais bela
e grito de toda goela toque a vaneira de novo


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