Quando Os Cinamomos Perdem As Folhas
Aporreado Conhaque (2010)
Ênio Medeiros
"Quando os cinamomos perdem as folhas
os salsos em contraponto
só ponchos e palas cardados
pra resistir ao confronto"
Os dias ficam mais curtos
somem as folhas as massanilhas
o gado procura os matos
pelas flardas das cochilhas
o sol sorri mais apagado
na fronteira do Rio Grande
a lua clareia mais...
em noite de geada grande.
Quando os cinamomos perdem as folhas
os salsos em contraponto
só ponchos e palas cardados
pra resistir ao confronto.
//repete
Os cavalos arrepiam o pêlo
se apartam carneiro e tourp
fogo no chão aquecem gaúchos
luzindo a bomba de ouro
os pelegos forram bancas
se vai mais cedo pro berço
rebanhos pro paradouro...
berrando em forma de terço.
Quando os cinamomos perdem as folhas
os salsos em contraponto
só ponchos e palas cardados
pra resistir ao confronto.
//repete
Pastagem bordam os campos
das estâncias na fronteira
marcas braseiam a anca
da terneirada na mangueira
noites convidam violões
pra um bordonear de milongas
quem tem cobertor de orelha...
encurta estas noites longas.
Quando os cinamomos perdem as folhas
os salsos em contraponto
só ponchos e palas cardados
pra resistir ao confronto.
//repete
As curunilhas e espinilhos
trancam o pé no borralho
bolo frito é a pedida
e um truco no baralho
garoa fina vai se embora
se transforma em serração
a primavera volta rindo...
com as folhas na brotação.
Quando os cinamomos perdem as folhas
os salsos em contraponto
só ponchos e palas cardados
pra resistir ao confronto.
//repete