O vento forte vem trazer recados
nos alambrados ressonando anseios
onde mateio a minha saudade
e a longa idade me afrouxa os arreios
o tempo corre ao redor do rancho
pelos verões me assoleando a vida
vou revelando meus cabelos brancos
e sigo aos trancos refazendo lidas
(um dia eu sei vou mudar de rumo
e o rancho velho vai virar tapera
quem sabe um dia voltarei no vento
ou nas manhãs de alguma primavera
um dia eu sei vou mudar de rumo
e o rancho velho vai virar tapera
quem sabe um dia voltarei no vento
ou nas manhãs de alguma primavera)
não tive amores que me dessem frutos
o tempo curto mal dava pras lidas
vi o piazedo na ilusão dos mates
só eram sonhos pra enfeitar a vida
não tive netos prá escutar meus causos
não fiz pandorgas nem laços de imbira
a noite vira retrechando o tempo
são meus lamentos que a morte não tira