Quando tapeio o meu sombreiro sobre a nuca
O coração me cutuca, bate forte igual cincerro
Sinto que o sangue pulsa mais forte nas veias
Parece que me arrodeia o assombro de martin fierro
Me criei solto, correndo pelo banhado
Gritando forte com o gado, nos dias de lida bruta
No batoví, extraviei sonhos e mágoas
Que se olvidaram com as águas, das cheias do reculuta
(cortei caminhos em culatras e fiadores
Erguendo penas e amores, num grito largo de venha
Rondei recuerdos em noites de calmarias
Aclimatando invernias na minha pampa surenha)
Trago nos tentos poncho emalado e saudade
De um tempo que foi verdade e a cada aurora rebrota
A vida passa e a mala suerte se adoça
Depois que a espora faz mossa no contra forte da bota
Nasci num rancho, quinchado de santa fé
Sou de junco e aguapé, caraguatá e japecanga
Sou do rio grande, meu pago retrata a estampa
De touro que afia a guampa nos cacurutos da sanga
Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).
Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.
Lugar em que se nasce, de origem
Pequeno córrego, bossoroca.