Os bicho' preto' vem subindo na coxilha
Anunciando vento frio e temporal
Vem caminhando uns em cima dos outro'
Ladeira acima, fugindo do banhadal
Só quem entende a previsão dos homem' antigo'
E observa o jeito dos animais
Espera o agosto com a tulha cheia de bóia
Batata doce e linguiça nos varais
Meu poncho velho que me abriga do rigor
E eu vou contando pra esses jovens de caderno
Que nunca viram uma lagoa virar vidro
Nem bicho preto anunciar o rigor do inverno
Verão que vem vou trabalhar igual formiga
De lenhador porque esta é a minha sina
Se os bicho’ preto' repontarem na coxilha
Tô no meu rancho mateando com a minha china
O vento norte vem chorar embaixo das porta'
Pedindo chuva, o carão já faz três dias
A geada preta vem gelando até a alma
Saiu dos Andes passando por Vacaria
Bicho da chuva não se sabe aonde nasce
Se ingerido à galinha e porco faz mal
Se for o norte anunciando o tempo bom
Se for o sul vai baixar o temporal
Meu poncho velho que me abriga do rigor...
(Letra e Música: Ênio Medeiros)
Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.