Entre madrugada a dentro
Mateando e tomando trago
Mastigando um gosto amargo
De tristeza e abandono
Centenas de papeizinhos
Rabiscados de poesia
Contavam que eu me sentia
Mais triste que um cão sem dono.
É duro matear solito
Num rancho cheio de apegos
Tudo lembra dos aconchegos
Da china que a gente ama
E por mais que a gente se imponha
Nossa rudeza de macho
O pranto faz barbicachos
Molhando os lençóis da cama!
E é aí que a gente entende
A falta que a mulher faz -
Além da dar carinho
Sabe encontrar caminhos
Se a gente não foz capaz.
Amanheci chimarreando
Louco de sono e cansaço
Pensado no que eu faço
Sem companheira pra nada.
O rancho que ela cuidava
Com tanto gosto e capricho
Mais parecia um bolicho
Das farras da peonada.
Fui culpado da pendenga
Por grito, grosso e ciumento
E minha prenda um monumento
De apego e dignidade.
Pra ela volta de pressa
Fiz promessa, acendi velas
Que eu estou até as canelas
Num manancial de saudade.
Só e isolado.
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Pequena bodega.
Jóia, relíquia, presente (dádiva) de valor; em sentido figurado, é a moça gaúcha porque ela é jóia do gaúcho.