Letra e Música: Rogério Villagran
No floreio abarbarado
Que o gaiteiro destramela
Quem calça o pé na cancela
Traz sempre um outro golpeado
O candeeiro palanqueado
Espera um grito de solta
E um xucro procura a volta
De um romance abagualado
Se chamarreia a cordeona
Num compasso fronteiriço
Retemperando o feitiço
Da mais linda redomona
Que pede vaza e se adona
Da alma do mais teatino
Revelando pra o malino
Que anoiteceu querendona
No vai-e-vem deste embalo
Que reponta e acolhera
A changa alucina o qüera
Que firma o corpo pra um pealo
Fica floreando o gargalo
Ao pé do ouvido da bruta
Que balanceia o que escuta
De alguém que mete o cavalo
Proposta não é ofensa
Tem um ditado que fala
Mas se acaso la suerte es mala
Hay quem leve por desavença
A china escora a sentença
E o guapo espera a resposta
Onde, "às vez", escuta o que gosta
Quem fala aquilo que pensa
Talvez pensasse o paisano
Num rancho de santa-fé
E esta flor de aguapé
Lhe enfeitando todo o ano
Talvez pedisse o vaqueano
Que a farra não fosse eterna
E que ela boleasse a perna
Na garupa do tobiano
Talvez quisesse a grongueira
Que o baile não terminasse
Que o gaiteiro floreasse
A mesma marca a noite inteira
Porque, talvez, outra vaneira
Não tivesse o mesmo encanto
E o índio, por não ser santo
Sumisse na polvadeira