Letra: Rogério Villagran e Ramiro Amorim
Música: Adilson Arruda/Leandro Panneitz/Rafael Sluminsky
Eu sou parte do meu pago
Por isso cheguei aqui
E trago, desde guri
Este feitiço nativo
De alcançar pé no estribo
E mirar toda a distância
Que me vem, lá da infância
E, a cada dia, revivo
Por isso ergo a querência
Na garupa do meu mouro
Porque me agrada o estouro
Da tropa dos meus anseios
Me gusta varar rio cheio
Cruzando de um pago a outro
Sem dono, sou igual potro
Que refuga forma e arreios
Por isso a irmandade
Destes homens dos arreios
Porque ninguém bota freio
Em nosso sonho comum
De galgar um bom futuro
Bem doce, são e maduro
Mui guapo, firme e seguro
Com a força livre do sul
Por isso existe uma ânsia
Bordada de nostalgias
Que vem na fieira dos dias
Que é real e presente
Agradeço ao onipotente
Na imensidão dos caminhos
De ir assoviando baixinho
No corredor da minha gente
E que essa gente compreenda
A vaza que peço e canto
E que reponto e levanto
Alvorotando a garganta
Frente ao mundo que se espanta
Das intempéries da vida
Mantenho minha estampa erguida
Por isso este guapo canta
E este verdejar tranqüilo
À sombra do butiazeiro
Faz eu me ver por inteiro
Seja na folga ou serviço
Serranos e fronteiros
Comungam as emoções
E nas mesmas vibrações
Vamos cantando e é por isso
Por isso levo adelante
Esta tropilha de apegos
Pois no galpão que me achego
Dou um buenas tarde fraterno
Porque a esperança que inverno
No invernadão da minha alma
Engorda sonhos com calma
Por isso somos eternos